terça-feira, 20 de abril de 2010

Clima



O tempo havia mudado.
Em menos de duas semanas a temperatura subiu e o calor voltou a reinar.
A chuva que molhava, que causava transtornos, que inundava e afogava toda esperança, tinha ido embora de vez.

Não era preciso gritar aos quatro ventos como sentia-se bem. Não era preciso escancarar nenhum tipo de sentimento.
Por meses ela guardou aquele sofrimento como uma sentença. Sofreu sozinha. Não foi egoísmo, mas falta de opção.
Agora, passado o tormento, ela sabia que não era necessário anunciar nenhum tipo de mudança.
Mesmo porque, ela não conseguiria descrever.

O quarto ainda estava escuro. A janela estava fechada. A porta trancada.
Ela abriu os olhos e sorriu.
Finalmente ela enxergava, finalmente estava feliz.
Quando ela percebeu que o barulho da chuva lá fora havia acabado, ela nem precisou verificar se realmente fazia sol.
E, mesmo sem olhar além daquelas paredes que a cercavam, ela sabia que um lindo dia estava a sua espera.
Se o sol não desse o ar da graça, ele nao faria falta nenhuma.
Hoje ela estava radiante.

Novamente sorriu.
A luz, que outra hora era buscada nos outros, precisou se acender nela mesma.
O escuro abrasador pediu licença e partiu. E já foi tarde.
Agora ela conseguia ver por onde andava.


Ana Claudia Machado

3 comentários:

John disse...

Eu sou seu fã e ponto final.

Excelente texto. Poucas pessoas têm o dom de dizer algo metalinguisticamente.

:)

John disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jeferson Cardoso disse...

Olá Ana, estou aqui em uma visita relâmpago, vim lhe convidar a ler o novo capítulo de “O Diário de Bronson (A Continuação de O Chamado)” e deixar o seu comentário.
Retornarei com melhores modos. Tenha uma boa semana.
Abraço do Jefhcardoso!
http://jefhcardoso.blogspot.com